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Confissões do #Infiltrado: No Mundo dos Mortos

Por History Channel Brasil em 23 de Agosto de 2017 às 16:44 HS
Confissões do #Infiltrado: No Mundo dos Mortos-0

A morte é um tabu. E na esteira desse evento sombrio e desconhecido, o ser humano moldou sua história, inventou religiões e em nome delas declarou a maioria de suas guerras.

Eu queria mergulhar nesse tabu e conhecer aqueles que lidam com a morte como parte de seu cotidiano – desde uma caçadora de fantasmas que fala com a “Morte” até um coveiro filósofo letrado no alemão.

Este era um universo atraente, perturbador e perfeito para a minha infiltração gonzo-jornalística. Como o profissional que bebe na fonte lisérgica de Hunter Thompson e Arthur Veríssimo, optei por um ponto de vista macabro mas eficiente: para desvendar aquele mundo, eu ia deixar tudo nos conformes para a hora derradeira em que fosse vestir o paletó de madeira. Incluindo meu próprio velório, do qual gostaria de fazer um test drive. E assim foi.

O problema da morte, meu camarada finito, não é morrer – é deixar de viver. E isso, pelo menos por agora, me nego a fazer.Fred Melo Paiva, O Infiltrado
De início, achei que aquilo tudo, sinistro para alguns, seria bico pra minha pessoa. Como sou um ateu crente apenas em São Víctor do Horto, não me impressiono com essas coisas e aceito resignado e mudo a máxima que adornava a entrada do cemitério de Araxá, onde está minha avó: “Do pó vieste, ao pó voltarás”.

Parece slogan de boca de fumo e congêneres, mas resume bem meu pensamento encorajador: morreu, acabou. Sem mais delongas, sem tempestade em volume morto.

O problema é que a morte não lida apenas com a morte. Lida principalmente com a vida. E durante a feitura deste episódio, me deu uma saudade danada dos meus, dos jogos do Atlético que eu não veria mais, das cores e cheiros das cidades que não ia mais sentir.

O problema da morte, meu camarada finito, não é morrer – é deixar de viver. E isso, pelo menos por agora, me nego a fazer.